Os perigos no monitoramento e controle do cronograma de obras

Sócio Diretor at PMON | murillo@pmongerenciamento.com.br | Website | + posts

Mais de 10 anos de experiência profissional como Gerente de Projetos em obras em indústrias multinacionais, prediais, comerciais, logísticas e de infraestrutura: gestão de contratos, responsável pela gestão da criação das linhas de base de Escopo, Custo, Tempo, Pessoas, Qualidade e Risco e pelo monitoramento e controle da execução, identificando desvios em relação ao planejamento e controlando as expectativas de todas as partes interessadas envolvidas através de um sistema de reporte de desempenho, seja a nível de projeto ou portfólio.

A Construção Civil é uma das principais atividades econômicas de um país e o seu crescimento é diretamente proporcional ao momento econômico por que passa esse país. O Brasil viveu o boom da construção entre 2010 e 2012, e o número desenfreado de novos projetos obrigou as empresas a buscarem sistemas de Gestão e Controle que aumentassem a previsibilidade dos projetos e permitissem um controle dos indicadores de desempenho de uma maneira mais clara e objetiva.

Coincidentemente, a difusão das práticas de gerenciamento de projetos propostas pelo Guia PMBOK® ganhou proporções durante esse boom vivido pela Construção Civil. Práticas que acabaram servindo de entrada para os processos de planejamento, gerenciamento e monitoramento e controle para muitas construtoras em território nacional.

Os principais indicadores (que são fatores críticos de sucesso de um projeto) em projetos da indústria da construção são os índices de desempenho de custo e prazo. Porém, diferentemente de outros setores econômicos, na construção civil existe particularidades quanto a interpretação e utilização desses índices nas tomadas de decisão. Indicadores de Desempenho que deveriam sinalizar por problemas e pedir ajuda, não o fazem, seja por conta de falhas nas informações de análise ou, simplesmente pela distorção da métrica.

Diversos projetos que não são bem-sucedidos têm seu fracasso atribuído à falha no processo de comunicação durante o monitoramento e controle e na interpretação dos índices relacionados aos fatores críticos de sucesso. Um índice de desempenho de prazo, por exemplo, de 103% (o que indica, segundo o PMBOK, que o projeto está adiantado), não avalia se o caminho crítico desse projeto está realmente dentro do prazo. A miopia gerencial deste índice analisado isoladamente pode levar o Gerente do Projeto a não enxergar os gargalos do projeto, tomar decisões incorretas e comprometer o prazo de entrega do projeto.

A PMON Gerenciamento, avaliando a técnica do valor agregado (PMBOK®, 6ª Edição) em projetos da área de construção, pode identificar diversas falhas em indicadores e suas interpretações. Desta maneira, observou-se a necessidade de propor-se melhorias e ferramentas adicionais que visem esclarecer de melhor maneira as informações disseminadas nos projetos e possibilitar um entendimento e tomadas de decisão mais seguras, aumentando o sucesso de projetos ligados ao setor.

A solução encontrada para essas ferramentas foi da utilização de um mix de metodologias e adaptações de outras ferramentas com o intuito de mitigar riscos na falha de interpretação de dados relacionados ao desempenho de prazo desses projetos.

Uma das soluções adotas foi criar índices parciais de prazo para cada etapa da obra, fornecendo aos gestores do projeto uma visão ampliada do índice de prazo. Assim mesmo o índice de prazo global do projeto sinalizando a possibilidade de adiantamento de cronograma, é possível avaliar se alguma etapa do caminho crítico do cronograma está atrasada, como pode ser vista na figura abaixo:

Outra solução que contribuiu muito para melhoria da análise de informações de prazo foram os estudos de tendência. A partir da técnica do valor agregado, conseguimos extrair o percentual de evolução mês a mês de uma obra. Comparando-se o ritmo atual de produção em %, é possível avaliar se a velocidade atual de produção do canteiro está coerente com o previsto de execução para os próximos meses. Assim, caso identifique-se a necessidade de incrementação de produção para os próximos meses, associamos essa análise com uma análise mais detalhada do cronograma, neste momento, realizada diretamente no MS Project.

É evidente que a combinação de diferentes técnicas para análise do desempenho de prazo das obras é necessária para uma melhor compreensão dos desvios e tendência de cronograma. Cabe à equipe de gestão identificar quais ferramentas e práticas fornecem o conjunto de informações mais coerentes para determinado projeto, salientando que cada projeto requer um conjunto de ferramentas específico que se adapte melhor à configuração do mesmo.